"O meu país é a utopia. Um mapa do mundo que não compreenda o país da Utopia não merece nem mesmo um olhar, pois ignora o único país ao qual a humanidade continuamente chega. E quando a humanidade lá atraca, fica alerta, e levanta novamente as âncoras ao vislumbrar uma terra melhor."- Oscar Wilde

SATYRICON DELÍRIO - O teatro da "zona"!



Ensaiar tem muitas variáveis. Tem dias em que tudo é uma alegria imensa de descobertas e criações; tem dias em que tudo apenas se repete para reafirmar o que já se fez ou negar tudo com o coração em sangue; tem dias em que o tédio se estabelece e aí o sinal de alerta brilha vermelho e forte; tem dias em que tudo se transforma e o que parecia certo e exato e certo no dia anterior, vira uma nova forma mais viva, mais vibrante... ou não! Fato é que na criação de uma peça de teatro é preciso dar uma chance para o imponderável e o desconfiômetro tem sempre que estar ligado. Mas essa construção pede um sentimento, uma sensação, um “tom”, que nunca pode se perder no meio de tantas ideias, improvisações e possibilidades. “Satyricon Delírio” sempre me dá a sensação de um universo de caos, de anarquia, de bagunça, de “zona”, no que esta palavra tem de mais sacana e matreira. E mesmo que alguns conceitos de narrativa ou de linguagem implorem para se fazer presentes, cada vez que o tal sinal de alerta brilha vermelho, eu volto para a tal “zona” com uma certeza/incerteza de que o caminho é esse mesmo. O teatro da zona! Uma deselegância, uma grosseria, uma falta de vergonha na cara! Mas fazer o quê? O teatro é e sempre será aquilo que nós colocamos no palco! Porque tantos e tantos mil anos depois de Sófocles, Eurípedes e Ésquilo, o mistério pode bem acontecer num lugar de festa e sofreguidão. E celebração é uma questão de ponto de vista!




(Fotos de Chico Nogueira em ensaios quaisquer...)

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