"O meu país é a utopia. Um mapa do mundo que não compreenda o país da Utopia não merece nem mesmo um olhar, pois ignora o único país ao qual a humanidade continuamente chega. E quando a humanidade lá atraca, fica alerta, e levanta novamente as âncoras ao vislumbrar uma terra melhor."- Oscar Wilde

TRAGÉDIAS & MANGÁ - NARCISOS EM MOVIMENTO...

NARCISOS
Ensaio/Oficina de quarta-feira com o Grupo da Tarde. O vórtice dos Narcisos.
"Narciso de olho em Narciso, beleza de olho em si mesma, cego, surdo e mudo aos apelos de Eco, a Ninfa apaixonada..."- Paulo Leminski

Gabriel Comicholi
Luiz Carlos do Amaral
Helen Carvalho
David Basso
Anna Xavier
Loara Gonçalves
Marina Ortiz
Zycko Salles
Raíssa Castor
Rafael Ferreira
Emily Lopes
Guilherme Andrade

TRAGÉDIAS & MANGÁ - AS TROIANAS EM MOVIMENTO...

AS TROIANAS
Ensaio/Oficina desta terça-feira, no período da noite. AS TROIANAS, de Eurípedes vai tomando forma e... modéstia a parte.... vai ficar chocante!!!

Alan Camargo
Allan Schroth
Anderson Novello
Claudia Azevedo
Diego Perin
Diogo Biss
Eloise Nardelli
Filipe Dassie
Marcos Maciel
Regina Vogue
Ricardo Miguel
Rudá Pereira
Robysom Souza




TRAGÉDIAS & MANGÁ - AS TROIANAS no cinema!

AS TROIANAS NO CINEMA


Em 1971, Michael Cacoyannis, diretor grego, indicado ao Oscar de Melhor Diretor em 1964, por "Zorba - O Grego", dirigiu a tragédia de Eurípedes com um elenco espetacular: Katherine Hepburn (Hécuba), Vanessa Redgrave (Andrômaca), Irene Papas (Helena) e Genevieve Bujold (Cassandra). O filme é tão mítico quanto a obra e esta aí, completo no YouTube, com legendas e tudo! A cópia está meio fraca, mas qual o problema? Vale o cuidado de assistir e perceber o que se perde e o que se ganha com a transposição de uma obra teatral para a linguagem cinematográfica. São três experiências absolutamente diferentes:  ler a obra, assisti-la no teatro e depois no cinema! Michael Cacoyannis faleceu em 2011 aos 89 anos e seu último trabalho para o cinema foi outra adaptação de obra clássica: O Jardim das Cerejeiras, de Tchekhov!

TRAGÉDIAS & MANG'Á - Para as Troianas...

PARA AS TROIANAS…

Informa o Plantão do Grupo Delírio Cia. de Teatro!!!



Com a turma da noite da Oficina “Tragédias & Mangá” encenaremos “As Troianas”, de Eurípedes. A encenação terá como base a adaptação que Jean Paul-Sartre fez da tragédia. Uma palhinha...

“HÉCUBA – De pé, Hécuba! De pé! Endireita a coluna encarquilhada, sua velha torta! Para de chorar e tenha paciência. De nada vai adiantar remar contra a corrente. O destino te arrasta, mulher! Então deixa-se levar por ele.
CORO – O que acontece em teu coração, Hécuba?
HÉCUBA – Não posso resignar-me. É isso.
CORO – Abusaram do teu corpo?
HÉCUBA – Nenhum dedo grego tocou em mim. Mas não há uma só dor no mundo que não seja minha!
CORO – Sabemos.
HÉCUBA – Mas vou repetir até a eternidade. Rainha, desposei um rei. Dei-lhe os mais belos filhos. Os gregos mataram um a um. E Príamo, meu marido; eu estava presente quando o degolaram. Vi sua garganta aberta e o sangue jorrando. (NT) – E minhas filhas.
CORO – O que nos diz, rainha?
HÉCUBA – Eduquei-as para os maiores reis da Ásia. Agora servirão de objetos, escravas, lambendo os calcanhares imundos de seus novos senhores: os gregos. (NT) – Malditos! Malditos sejam vocês que destruíram minha cidade e minha família.

CAI. LEVANTA-SE.

HÉCUBA – Ah, e como são lindos os navios gregos! Mil embarcações que poderiam carregar felicidades empurradas pelo vento em suas velas. Voltam hoje para sua Grécia querida. Levam sua cara Helena e o espírito de todos os troianos mortos. Era preciso massacrar meu povo para recuperar a glória perdida com a desonra do rei Menelau? (NT) – Viúvas troianas, virgens de Tróia, noivas dos mortos, olhem pela última vez sua cidade e, comigo, lamentemos nossa sorte! “



Imagens da encenação do Theatre South Carolina - Direção de Bonnie J. Monte
Cenografia de Kimi Maeda

TRAGÉDIAS & MANGÁ - O Mistério de Etienne - 2 (A arte do ator)

A ARTE DO ATOR

ANGELS IN AMERICA, de Tony Kushner - Toronto - Canadá
- Você sempre se interessou pelo corpo do ator no Teatro?
- De certa forma sim, mas depois de um tempo eu comecei a perceber que a percepção da energia no corpo do ator, determina a sua presença cênica. O ator está fazendo tudo certo, mas o seu corpo não está indo pelo mesmo caminho. O que parece ser um acerto acaba virando um equívoco. Entende?
- Mais ou menos.
- Voltamos a Etiénne.
- Vamos lá!
- A vida no teatro está na arte do ator.
- Há controvérsias.
- Não pra mim.
- Ok.
- O ator é o mestre do teatro e o seu corpo é seu único instrumento de trabalho. Para fazer nascer uma obra artística, teatral, é preciso investigar a arte do movimento, das ações e do gesto do ator. Grande parte dos artistas de teatro abandonou a sinceridade e optou pela ironia, pela crítica, pelo distanciamento porque é muito difícil para o público acreditar no teatro já que ele sabe que é tudo uma encenação. Mas o mistério nunca é uma encenação. O distanciamento crítico ou irônico, em grande parte das vezes, é uma solução imediatista. E onde está o mistério? No corpo do ator. Se a plateia acreditar naquele corpo diferente, em estado puro de interpretação, grande parte do problema estará resolvido. Não será preciso parecer inteligente ou engraçadinho ou irônico para ser convincente. O corpo do ator, vivo, belo, harmônico e livre vai ser o caminho que levará o público até o mistério.
- É por isso que ele precisa estudar constantemente o seu corpo?
- Exato! Quando o teatro não precisar mais do corpo do ator, então ele pode desistir de estudar seu corpo. Mas o teatro moderno é o corpo do ator. O ator é tudo! Podemos abrir mão de tudo, menos do ator.
- Anular o ator é uma possibilidade para o teatro contemporâneo. Ou não?
- Anular a ação e o movimento é, sim, uma possibilidade. Anular o ator, nunca! Faço pra você uma pergunta...
- Faça.
- Você, parado, imóvel, no centro do palco. O que o diferencia de um objeto de cenário?
- ...
- ?
- A vida?
- A vida é o mistério e...
- E?
- O teatro é a arte do ator. E me perdoe se pareço antigo dizendo isto. Não vejo outra possibilidade.

...

TRAGÉDIAS & MANGÁ - O Mistério de Ettiene - 1

O MISTÉRIO DE ETTIENE - 1


- De repente você ficou pensativo.
- De repente me veio à mente um homem que conheci há muito tempo.
- Muito?
- Nem tanto, mas muito. Um homem que me ensinou a essência das coisas. Um sujeito encantador, um artista, um professor, um mestre. Apesar da idade, já tinha passado dos 70 anos, era uma verdadeira tempestade de energia e desejo.
- Quer me falar dele?
- É bom lembrar. Ilumina minhas convicções. Acorda meus músculos adormecidos.
- Hammm...
- Sabe qual era a sua maior característica? A paixão. Paixão que lhe provocava momentos de grande cólera e também momentos de grande beleza interior. Odiava qualquer sinal de preguiça. Doava-se o tempo inteiro para tudo o que tinha a ver com o teatro. Tinha apetite pelo belo e explodia de vida, imaginação, cultura. Tinha obsessão pelo bem-fazer, pelo bem-conceber, não demonstrava nunca qualquer tipo de fraqueza, quando o assunto era a arte, o trabalho.
- Como era seu nome?
- Ettiene. Dessas pessoas que passam pela sua vida e deixam uma marca! Sua marca era um pensamento: “O teatro é o ator. O ator é a arte do corpo. Então, o teatro é a arte do corpo.”
- ...
- Me disse outras coisas lindas. Ensinou-me que a nossa arte do teatro é a arte de ampliar e depurar. Entende?
- O quê?
- O que fazemos na vida todas as vezes em que não dançamos. Que nossa arte é reconstruir a natureza a partir dos nossos corpos. E é daí que surgem os grandes temas clássicos que usamos pra colocar no palco: a luta, o trabalho, as relações amorosas, a guerra, o fervor político, a relação com Deus, as relações com a sociedade. E também o que nos falta. Tudo o que nos falta, mesmo que tenhamos tanto. Mas sempre nos falta alguma coisa, não é?
- Tanto...
- E não é um bom motivo? Por que fazemos teatro? Porque nos falta o teatro. E o que nos falta para fazer teatro? Que tal?
- Você sempre dá um nó em meus pensamentos.
- Tento.
- Consegue.
- Por que vamos em direção ao misterioso?
- Por quê?
- Por quê?
- Por quê?
- Porque precisamos do mistério. É inconcebível querer ir para a cena e não permitir-se algum tipo de rompimento. Precisamos depurar nosso corpo, ampliar nosso corpo, depurar nosso espírito, ampliar nosso espírito. Não tem outro jeito. Nem existe uma formula. É isso é pronto.
- ...
- ...
- Silêncio de novo?
- Continuamos amanhã?
- Que dúvida.
- Então vamos tomar um café com leite e saborear um misto frio. Adoro.
- Vamos. É sempre você quem decide.
...

Ettienne Decroux - 1808/1991


TRAGÉDIAS & MANGÁ - HOJE EU QUERO VOLTAR SOZINHO...

HOJE EU QUERO VOLTAR SOZINHO...



- E que tal o filme?
- Emblemático.
- Os piás mandam bem?
- Muito bem. São carismáticos, talentosos e enchem a tela de ternura e beleza.
- Então “Hoje Eu Quero Voltar Sozinho” vale o ingresso?
- Muito.
- Mas fica nisso?
- Ah, sei lá. Acho que é um filme que faz muito bem ao cinema brasileiro. Abandona a mesmice, é sincero, feito com carinho, delicadeza, amor. Não é pouco.
- Mas não te agradou 100%?
- Minha escola.
- Ham?
- Eu sou filhote do Woody Allen, Hitchcock, Fellini, Bergman, Buñuel, Glauber… e gosto de ver o diretor interferindo no filme. Acho que o Daniel Ribeiro fez o filme de longe, sem querer muito com ele, a não ser despertar simpatia na plateia. É impossível não se encantar com a pureza e ingenuidade dos meninos, mas o filme podia ser mais profundo, mais cinematográfico. Podia aprofundar a personalidade dos meninos. Entendo que em muitos casos a pureza das intenções é o suficiente... Mais ou menos como “O Palhaço” do Selton Mello. Lembra? É, digamos assim, um cinema de ingenuidade.
- Parece que você não gostou.
- Gostei sim. Até me emocionei no final. Precisamos de obras que quebrem paradigmas. E eu acho que “Hoje...” é, naturalmente, belo quando inventa um mundo quase perfeito. Um mundo na tela, quase perfeito, que não tem espaço nem para os defeitos. Mas é arte, não é? Não precisa refletir a realidade, basta pensar coisas que fazem parte dela. Só acho que a linguagem cinematográfica podia ser menos novela das sete. Mas sou eu que acho.  Quanto mais pessoas assistirem “Hoje Eu Quero Voltar Sozinho”, melhor. Melhor para o Brasil, melhor para as pessoas, melhor para o cinema brasileiro.
- E o que o filme tem a ver com “Tragédias & Mangá”?
- Ah... vá se foder...!
- kkkkkkkkkkkkk.....
...
Fabio Audi e Guilherme Lobo... Carismáticos e talentosos....