“Para o escritor, viver é sonhar a vida de dentro pra fora” – A Maleta do Meu Pai
(Cartaz criado pelo Leo Dalledone)
SATYRICON DELÍRIO estreia nesta
terça-feira às 13 horas no Teatro José Maria Santos e, inexplicavelmente, não
ensaiamos neste sábado, nem ensaiaremos no domingo, contrariando todas as
fórmulas sensatas que dizem respeito às encenações teatrais. Então, o que
acontece? Acontece um intervalo de outra coisa, na falta de uma explicação
melhor. Na verdade, acontece o nascimento de um pequeno sonho, vivido quase em
segredo. Acontece A MALETA DO MEU PAI. E o que é “A Maleta do Meu Pai”? Explico. Trinta
e dois anos depois que eu entrei no Curso Permanente de Teatro do Centro
Cultural Teatro Guaíra, eu resolvi me aventurar num monólogo. Uma experiência
que, de certa forma, resume esses anos todos dedicados ao teatro e à arte. A
confissão de um escritor (não eu, o personagem!) que dedicou sua vida a olhar
para dentro de si mesmo e fazer disso sua arte. Um homem solitário, tímido e
profundo. Um anjo/artista, humanista e de coração infinito. São quatro
apresentações/teste na Cia. Do Abração (sábado e domingo – 16h e 19h30) num
projeto chamado MIS – Mostra Internacional de Solos, onde estão incluídos
outros espetáculos/monólogos com atores da América Latina e também atores
brasileiros (Fabiana Ferreira, Regina Vogue e Adriano Peterman). O embrião de uma
coisa que vai fazer história logo, logo. Em A MALETA DO MEU PAI eu sou ator.
Simplesmente ator. Quem dirige é o Áldice Lopes, meu companheiro de 34 anos de estrada. E se a experiência deste sábado foi maluca, emocional,
paradoxal, de outro lado foi otimista porque me deu a certeza de estar me aventurando
por um terreno nada confortável e, de novo, caminhar na corda bamba, onde nunca
sei o que é melhor: manter-se na corda, equilibrando-se e temendo perder o
equilíbrio; ou deixar-me cair no vazio e experimentar a queda. Enfim, foi uma
verdadeira experiência artística onde eu deposito, mais do que meu trabalho de
ator, o sentido desses 32 anos buscando dizer alguma coisa importante para quem
vai ao teatro. Neste domingo as duas últimas apresentações desse teste que já me
mostrou muita coisa boa e a principal delas é aquela que me diz o quanto é
prazeroso estar no palco e ser arte. Sem pretensões, nem arrogâncias, só
sinceridade e amor pelo teatro e pela palavra.
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