Os dois Sátiros vêm à boca de cena.
MARCEL/SÁTIRO – Plim!
LEO/SÁTIRO – Plim!
MARCEL – E tudo para como se as
coisas fossem simples assim.
LEO – O que não dissemos até
agora é que essa farra pode terminar assim ou assado. Porque tudo é passado.
MARCEL – Com esses três
malandros apaixonados, mortos ou estropiados.
LEO – Já disse um sábio: todas
as pessoas desta história estão mortas.
MARCEL – Como vocês também
morrerão um dia.
LÉO – O que não sabemos é como
foi.
MARCEL – Se vocês não
perceberam ainda, temos aqui o dramaturgo, ou melhor, o escritor: Petrônio.
Entra Petrônio.
PETRÔNIO – Olá. (PARA OS
ATORES) – Podem ficar à vontade.
TRIMALCIÃO – Ai, graças a Deus!
LICAS – Já estava me dando
câimbra!
PETRÔNIO – Esse meu romance,
Satyricon, chegou ao seu tempo apenas em mínimos pedaços pornográficos e
vergonhosos. A festa de Trimalcião e dois capítulos mais... Depois que o
Imperador Nero me obrigou a tomar veneno, minhas palavras se perderam no
decorrer do tempo. Uma merda pra mim que almejava um reconhecimento póstumo.
EUMOLPO (NA PLATEIA) – Você
teve.
PETRÔNIO – Tive?
EUMOLPO – Claro! Até virou
filme! Fellini!
PETRÔNIO – Fellini? Quem é esse
cara?
EUMOLPO – Um diretor de cinema.
PETRÔNIO – Que maravilha.
EUMOLPO – Ele foi até indicado
ao Oscar como diretor.
PETRÔNIO – Oscar?
EUMOLPO – Deixa pra lá.
PETRÔNIO – Estou se cara,
sabia?
EUMOLPO – Teve uma tradução
genial de um poeta curitibano: Paulo Leminski.
PETRÔNIO – Leminski? Polaco?
EUMOLPO – Que tudo se foda,
disse ela. E se fodeu toda!
PETRÔNIO – Esse cara batia bem
da cabeça?
EUMOLPO – Deixa pra lá.
Continue.
PETRÔNIO – Pois então... Daí
que ninguém sabe qual destino este escritor aqui deu ao trio ternura, nem aos
coadjuvantes de sua história atrapalhada.
EUMOLPO – Conte aí.
PETRÔNIO – Outro problema.
EUMOLPO – Qual?
PETRÔNIO – Esqueci.
Nenhum comentário:
Postar um comentário