"O meu país é a utopia. Um mapa do mundo que não compreenda o país da Utopia não merece nem mesmo um olhar, pois ignora o único país ao qual a humanidade continuamente chega. E quando a humanidade lá atraca, fica alerta, e levanta novamente as âncoras ao vislumbrar uma terra melhor."- Oscar Wilde

SATYRICON DELÍRIO - As surrealidades que o teatro permite...



Os dois Sátiros vêm à boca de cena.

MARCEL/SÁTIRO – Plim!
LEO/SÁTIRO – Plim!
MARCEL – E tudo para como se as coisas fossem simples assim.
LEO – O que não dissemos até agora é que essa farra pode terminar assim ou assado. Porque tudo é passado.
MARCEL – Com esses três malandros apaixonados, mortos ou estropiados.
LEO – Já disse um sábio: todas as pessoas desta história estão mortas.
MARCEL – Como vocês também morrerão um dia.
LÉO – O que não sabemos é como foi.
MARCEL – Se vocês não perceberam ainda, temos aqui o dramaturgo, ou melhor, o escritor: Petrônio.

Entra Petrônio.

PETRÔNIO – Olá. (PARA OS ATORES) – Podem ficar à vontade.
TRIMALCIÃO – Ai, graças a Deus!
LICAS – Já estava me dando câimbra!
PETRÔNIO – Esse meu romance, Satyricon, chegou ao seu tempo apenas em mínimos pedaços pornográficos e vergonhosos. A festa de Trimalcião e dois capítulos mais... Depois que o Imperador Nero me obrigou a tomar veneno, minhas palavras se perderam no decorrer do tempo. Uma merda pra mim que almejava um reconhecimento póstumo.
EUMOLPO (NA PLATEIA) – Você teve.
PETRÔNIO – Tive?
EUMOLPO – Claro! Até virou filme! Fellini!
PETRÔNIO – Fellini? Quem é esse cara?
EUMOLPO – Um diretor de cinema.
PETRÔNIO – Que maravilha.
EUMOLPO – Ele foi até indicado ao Oscar como diretor.
PETRÔNIO – Oscar?
EUMOLPO – Deixa pra lá.
PETRÔNIO – Estou se cara, sabia?
EUMOLPO – Teve uma tradução genial de um poeta curitibano: Paulo Leminski.
PETRÔNIO – Leminski? Polaco?
EUMOLPO – Que tudo se foda, disse ela. E se fodeu toda!
PETRÔNIO – Esse cara batia bem da cabeça?
EUMOLPO – Deixa pra lá. Continue.
PETRÔNIO – Pois então... Daí que ninguém sabe qual destino este escritor aqui deu ao trio ternura, nem aos coadjuvantes de sua história atrapalhada.
EUMOLPO – Conte aí.
PETRÔNIO – Outro problema.
EUMOLPO – Qual?
PETRÔNIO – Esqueci.


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