Sempre que um espetáculo vai sair de cartaz e estamos no palco
desmontando o cenário, guardando os figurinos e fazendo a limpeza geral,
costumo brincar fazendo a pergunta espertalhona: “O que isto tudo quer dizer?”
E a resposta que quase ninguém acerta é a de “que tudo acaba um dia...!” Pois
assim é, principalmente aquilo que sabemos desde o começo que tem prazo de
validade. Para a turma da tarde, na Oficina I/Satyricon Delírio hoje foi o
último dia. Mas que último dia é esse? Se o teatro entre tantas coisas é a arte
do encontro? Como abrir mão de tantas descobertas? De tantas experiências
coletivas? De tantos anseios vividos juntos? De tantas histórias inesperadas acontecidas
em 60 horas de treinamento corporal elevado às últimas consequências? Como pode
ser o último dia de uma aventura de surpreender e, principalmente, se
surpreender? É difícil prever o que vem pela frente para todos nós, mas tenho
eu a certeza de que nenhum saiu ileso da história. Caminhamos todos pela corda
bamba, de onde poderíamos cair sem cerimônia e chegamos ao fim da caminhada,
certos de que um teatro aconteceu dentro de todos nós. Talvez até tenhamos
caído e nem tenhamos percebido. Talvez até ainda estejamos com os pés grudados
na terra ou plainando livres por algum espaço de imaginação. Talvez. De
qualquer forma uma coisa é certa, avançamos uns para dentro dos outros sem
muita resistência e abrimos portas em nós mesmos. Tenho certeza. Descobrimos
novos caminhos. E daí que eu tenho certeza de que não é o último dia. É mais um
dia de passos largos. Vamos então aos novos encontros!!! Com velhos e novos
amigos!!!
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