"O meu país é a utopia. Um mapa do mundo que não compreenda o país da Utopia não merece nem mesmo um olhar, pois ignora o único país ao qual a humanidade continuamente chega. E quando a humanidade lá atraca, fica alerta, e levanta novamente as âncoras ao vislumbrar uma terra melhor."- Oscar Wilde

SATYRICON DELÍRIO - Rafael subindo pelas paredes!

SUBINDO PELAS PAREDES!

Rafael fotografado pelo Chico Nogueira


Luis Otávio Burnier, lá pelo começo dos anos 80, olhava no fundo dos olhos dos jovens atores do Grupo Delírio e, com seu sotaque francês arrastado e lindo, disparava: “Vai lá para a frrrenti qui eu queru verrr u teu delírriu...”. E nós nos atirávamos no precipício em busca de alguma coisa que não tinha, nunca teve e nunca terá lógica. Era a busca pela arte do teatro em qualquer lugar onde ela estivesse esperando. E o nosso corpo tinha que ser o que a tinta é para o artista plástico: algo com o que se mexe e remexe para buscar tonalidades, imagens, sentidos, sentimentos e imaginações. O nosso corpo que tem que se expressar em bloco, sem que qualquer mínima parte dele não faça parte da arte e da expressão. Um longo e selvagem mergulho que, de fato é o tal caminhar pela corda bamba. Cair ou não cair? Foda-se! Se for o caso, cair! Rafael Ferreira atirou-se no precipício no último dia da Oficina I – Satyricon Delírio. Fez música com seu corpo, fez pintura com seu corpo, fez escultura com seu corpo, fez teatro com seu corpo e fez arte! Alguém poderia perguntar: “Mas o que daquilo é consciente e o que é pura fruição de sensações?” A resposta é simples: “Que importa?” É arte. Uma foto do querido Chico Nogueira não pode explicar a improvisação. Nem todas, que as outras não podem ser exibidas aqui! Mas Nietzsche também não disse algo como “quando encontramos uma palavra para explicar alguma coisa é porque ela já morreu dentro de nós...” – Então que (ainda bem!) não existem palavras para contar do exercício. Fica a sensação que se multiplica em escala geométrica em nosso espírito e a arte jorra! E também, como disse Harold Guskin: “Os atores não são bons em análise, apesar de a maioria dos bons atores ser muito inteligentes. A análise tem de ser deixada para os acadêmicos e críticos. Atores sabem de sentimentos, imaginação e improvisação.”

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