“… uma ideia fundamental: o teatro não tem categorias, é sobre a vida.
Este é o único ponto de partida, e além dele nada é realmente fundamental. Teatro
é vida.”- Peter Brook
Às vezes precisamos mesmo de alguma especulação que nasce de nossas mais
íntimas experiências para que alguma coisa nova aconteça tanto fora quanto
dentro de nós mesmos. Como são os atores? O que, de verdade, fazem no espaço
cênico? “Criam personagens” alguém poderia simplificar num belo exercício de
praticidade. Mas alguma coisa que é só minha diz que a aventura vive além isso.
Atores são eles mesmos em busca de uma verdade que mora no centro da terra e
que se nunca foi tocada pelas suas vísceras, então, que ao ensaiar um
espetáculo, esse mistério encontrou o lugar de acontecer. Como se tudo fosse
apropriação sensível e a vida de todos os homens morassem em suas almas e todas
as vidas de todos esses mesmos homens encontrassem um coração para falar a
todos os outros. E é aí que palavras como “caracterização”, “composição”, “interpretação”
perdem muito dos seus sentidos para palavras como “renascimento” ou “recriação”.
Nada supera a irresistível presença da vida e a presentificação daquilo que
nunca pode ser visto a olho nu. É como uma lágrima natural que encontra no
sentimento um motivo para fazer-se substantivo e escorrer pelo rosto sincera e
única. Da mesma forma que o suor que é a presença irresistível do primitivo.
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