“Yo soy una coreógrafa y sé que nada es simple”... esta frase dita pela
Geraldine Chaplin no final de “Hable Com Ella” do Almodóvar sempre me persegue.
Sim, nada é simples. E é nesse universo de dificuldades, obstáculos e
complicações que reside nossa possibilidade de evolução. Quando alguma coisa
fica simples é o momento exato em que temos que partir para outra. E de
obstáculos em obstáculos vamos encontrando o sentido da nossa arte. Caminhando
na corda bamba sabemos apenas na outra ponta que ainda não foi dessa vez que caímos.
E se cairmos, melhor mesmo é aproveitar a vertigem da queda. Apaixonado estou. Muito e sempre quando faço
um trabalho como nessa Oficina Satyricon Delírio, porque em quase três semanas
intensas posso ver transformações, evoluções, novas posturas e descobertas
iluminadas. Que incrível essa capacidade do homem em inventar asas quando
realmente deseja alguma coisa. Quisera ter fôlego e energia para abrir caminhos
para cada um desses corajosos e voluntariosos atores que fazem a Oficina.
Porque a cada dia eles me dão a certeza de que se vivemos um tempo cagão,
medroso e aguado, artisticamente falando, é porque deixamos de instigar esses
atores ousados e apaixonados. Amo vê-los voando, saltando no vazio e caindo de
amor. Amo vê-los encararem o medo de frente e atirarem-se no vazio. Quanto
teatro pode existir em um segundo de vida! A faísca! A faísca! A faísca da
vida! Ela que se apresenta todo dia a cada passo que damos na Oficina. Essa
incrível experiência que vai chegando ao final e revelando almas intensas e
poderosas! As fotos aí embaixo são do Chico Nogueira, da Oficina no período da
tarde e foram tiradas nesta quinta-feira dia 20 e revelam 0,000000001% da
beleza que foi este dia!
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