Dizer ao ator “vai lá para frente que eu quero ver o teu delírio..” ou “vai
lá, surpreenda-me...” é até fácil, e claro, difícil encontrar a cada segundo do
treinamento, que às vezes leva dezenas de minutos ininterruptos, um estímulo
físico novo e que seja vivo, intenso, transformador pulsante de vida e ao mesmo
tempo artístico! Uma aventura de improvisação corporal que parece dividir o
ator em três ou mais dimensões inexplicáveis. Como nunca perder o contato com o
corpo do outro, sem abrir mão do seu próprio e ainda estabelecer uma outra
conexão: com o público. Três “estados” plenos, equilibrados, onde um nunca
prevalece sobre o outro. Afinal é preciso ser, estar sensível, ou seja, em
contato permanente com a totalidade de seu corpo. Então que uma bela parte do
treinamento é aquela em que o ator, concentrado, sensível e vivo surpreende a
cada instante os olhos e os sentidos de quem o assiste. Mas, mais emocionante é
a outra face da moeda: aquela em que o ator, pleno dos três estados,
surpreende-se a si mesmo, experimentando o novo entre a tensão, a extensão, a
intenção e a porta aberta. Carne e sangue. E tudo é uma coisa só, um verdadeiro
estado de interpretação, onde Apolo surpreende e Dionísio surpreende-se! Em
meio ao treinamento, a certeza de que a arte é uma consequência de
disponibilidade, sensibilidade, alma e coragem! SATYRICON DELÍRIO é a
potencialidade daquilo que não se pode tocar e que, invisível, se estabelece em
meio à cena como um mistério xamânico e moderno. Lágrimas, suores, arrepios,
fraternidade, amor, paixão e desejo superam o medo e... bem... alguma coisa
acontece!
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