"O meu país é a utopia. Um mapa do mundo que não compreenda o país da Utopia não merece nem mesmo um olhar, pois ignora o único país ao qual a humanidade continuamente chega. E quando a humanidade lá atraca, fica alerta, e levanta novamente as âncoras ao vislumbrar uma terra melhor."- Oscar Wilde

SATYRICON DELÍRIO – Um segundo passo para a Oficina I

AQUECENDO OS SENTIMENTOS... (2)

“Para mim, atuar é uma exploração em constante evolução, em vez de uma progressão em direção a um objetivo final.”- Harold Guskin

“Ninguém sobe no palco para se esconder.”- Fernanda Montenegro

Edson Bueno no espetáculo "A Venus das Peles", adaptação de Sacher Masock por Pagu Leal

Em nossos tempos de total diversidade de opções para o ator na cena, quando tudo é absolutamente possível desde que seja sincero e verdadeiro, uma pergunta que sempre aparece do nada é esta santa complexidade: “Eu tenho que criar um personagem ou tenho que ser eu mesmo, ou ainda, quem sou eu em cena?” Ufa! Haja cuidado para responder sem ser irresponsável! Bem, Eu penso que é tudo e tudo mais! E acredito que o ator tem que ter alguns objetivos que ao invés de serem fins, são meios. Pra começo de conversa quando vamos começar um ensaio, a primeira coisa que temos que ter em mente é que não temos um personagem pela frente, mas um espetáculo! Interpretamos um espetáculo, uma proposta, uma ideia, uma linguagem, uma opção artística ou até uma história, se for o caso. É por aí que começamos a pensar como atores! E é justamente neste aspecto que aparecem dois tipos de bons atores, que mesmo trabalhando com a intuição, podem determinar um resultado satisfatório ou não, conforme a opção. Seja ela consciente ou inconsciente. O primeiro caso, equivocado eu diria, é aquele sujeito criativo, elaborador, pesquisador, cuidadoso, disciplinado e trabalhador, mas que vai construindo um ser para estar em cena e que estará sempre a serviço dele próprio. Toda a criação estará a serviço do ego, do brilho, da exposição, da presença. Então tudo à sua volta terá que moldar-se às suas necessidades e todo trabalho estará voltado para que a plateia olhe para ele e o admire, seja para o feio ou para o bonito. Há neste ator uma beleza cênica indiscutível e ele, realmente, constrói um estado de interpretação que, quase sempre, encanta os olhos. Há criação, há construção, há disponibilidade, mas alguma coisa não acontece e um vazio se estabelece entre ele e o espetáculo. Um vazio imperceptível de prima e que parece desnecessário. Mas o fato é que ele está lá e esse ator parece se deslocar do todo sem que seja um elemento positivo do espetáculo, mas um adendo, interessante de se ver, porém desnecessário e em casos mais graves, complicador. O espetáculo não acontece nem avança quando ele está em cena fazendo ou falando. Ele não é um ator, é um ruído. (continua...)

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