AMOR E ARTE - As coisas só são eternas dentro de nós e enquanto as
amamos. Todo o resto é ilusão. E, de todas as ilusões, a mais eterna e a que
mais dá sentido à vida, apesar do tempo, é a arte. E depois dela o amor, que é
tão ilusório e efêmero quanto o tempo.
Elder Gattely interpretando Gregor Samsa em "Metamorphosis", de Kafka - Direção e adaptação Edson Bueno - 2005 -
Joseph Campbell não titubeou quando disse que os XAMÃS do nosso tempo
são os artistas. Que as ações dos artistas, quando ousadas, não importa em que
contexto aconteçam, e, conforme elas possa ser, mais ou menos, rompem a “barreira
do tempo ilusório”e recriam a vida, além de dar a ela mais cor, emoção, sentido
e originalidade. E não podemos dizer isso aos atores, aqueles que, pelo menos
pra mim, são o começo, o meio e o fim do teatro? Por que tanto medo? Por que
tanta vaidade? Por que tanto espírito competitivo, por que associar, por
exemplo, “fazer teatro” com “vencer na vida”? Por que preocupar-se com a vida
civilizada e estabelecida que vivemos por consequência, se podemos, no teatro,
viver uma outra que não precisa ter absolutamente nada daquela. Temos o
direito, temos o poder, e só precisamos desejar! Como é feliz o ator, esse ser
que tem a arte morando em seu corpo vivo! Então que o espírito mágico e
misterioso do ritual pode, sim, acontecer em meio à felicidade, à irreverência
e o prazer. E por quê? Oras, justamente porque são simples e naturais; pelo
menos para os artistas. E alguém pode perguntar: “Mas então os artistas são
especiais?” E eu respondo sem titubear: “Não! Não são especiais. São artistas.”
E o ator que é o artista e a arte ao mesmo tempo? Quando você olhar para cada
milimétrico pedaço do seu corpo e perceber que ele é arte, além da banalidade
ou da vulgaridade ou da efemeridade da vida, vai sentir-se capaz de subir ao
palco e interpretar, não apenas um personagem, mas um espetáculo, uma ideia,
uma linguagem ou até uma história. Como um XAMÃ vai invocar espíritos e
inventar mundos, estabelecer mistérios e iluminar pessoas. É isso... por
enquanto... (Continua...)
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